Ao fim e ao cabo das eleições de 2010 no Rio Grande do Norte, uma constatação é inquestionável: a política no estado continua enraizada no ano de 1950, com força total. Mesmo vivendo num novo século, novo milênio, a cabeça política potiguar está lá em meados do século passado. Na prática política, o Rio Grande do Norte continua uma velha capitania hereditária do tempo do descobrimento pelos portugueses, em 1500, no século XVI.
O povo potiguar, nessas eleições, deu seqüência a uma tradição familiar que vem se mantendo na política estadual, com raríssimas exceções, desde 1950, através das famílias Rosado, Maia e Alves. No meio desse caminho também estiveram presentes, com maior ou menor força na política estadual, famílias como Bezerra, Mariz, Ferreira de Souza, entre outras – mas sempre como coadjuvantes, sem nunca assumir, de fato, posição hegemônica como as outras, salvo os Mariz, que na verdade, era uma família de um líder só – o senador Dinarte Mariz.
Em 1950, o centro do poder no Rio Grande do Norte era a família Rosado, com a eleição do governador Dix-Sept Rosado, que não concluiu o seu mandato porque morreu em um acidente de avião, em 1951. Dix-Sept Rosado é o pai do ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, marido da agora governadora eleita Rosalba Ciarlini. Dix-Sept não viveu para ver a nora, alter ego do seu filho Carlos Augusto, assumir o governo do Rio Grande do Norte; outro filho, Betinho Rosado, ser deputado federal mais uma vez; a sobrinha, Sandra Rosado, filha de um dos irmãos, o ex-deputado federal, Vingt Rosado, também ser deputada federal mais uma vez, assim como a sobrinha neta, Larissa Rosado, filha de Sandra, neta de Vingt, ser deputada estadual de novo.
Na década de 1950 também estavam na órbita do poder político do Estado os irmãos Aluisio Alves, Garibaldi Alves e Agnelo Alves. Aluisio é pai de Henrique Eduardo Alves, eleito deputado federal pela décima primeira vez; Garibaldi Alves, mesmo sem ter conquistado um único voto em 2010, vai assumir a cadeira de senador, como primeiro suplente da senadora Rosalba, e é pai do senador reeleito Garibaldi Alves Filho e avô do deputado estadual também reeleito, Walter Alves. Agnelo Alves foi eleito em 2010, pela oposição, deputado estadual. Se em 1950 as famílias Rosado e Alves eram adversárias, em 2010, sessenta anos depois, pelo menos parte das famílias estão juntas para dividir o butim do poder no Rio Grande do Norte.
Na década de 1950, a família Maia dava o ar de sua graça na política estadual com o médico Tarcisio Maia sendo eleito deputado federal, em 1958. A partir de Tarcisio, um aliado histórico dos Rosado e de Dinarte Mariz, que foi governador nos anos 50 e depois senador por vários mandatos até a década de 1980 a família Maia fincou suas raízes na política estadual, aproveitando o prestígio conquistado junto à ditadura militar – nos anos 70 e 80, a família conseguiu dos militares as nomeações biônicas de Tarcisio Maia e Lavoisier Maia, primos, para governadores do Rio Grande do Norte, e de José Agripino Maia, prefeito de Natal. Com o poder nas mãos, os Maia aproveitam as condições favoráveis que a ditadura militar lhes deu para construir um sólido patrimônio político, cujo gestor maior hoje é o filho de Tarcisio, o senador José Agripino, que, com essa eleição, ao final do seu mandato, terá permanecido 32 anos no Senado, tendo apenas um breve intervalo de quatro anos, quando foi eleito governador no meio de um mandato de senador. Para completar, a família tem, ainda, o deputado federal eleito, Felipe Maia, neto de Tarcisio, filho de Agripino, e a deputada estadual eleita pela oposição, Márcia Maia, filha de Lavoisier Maia e Wilma de Faria. Wilma, aliás, que sempre se diz candidata contra “os poderosos” (!!!) é filha da família Mariz e cresceu politicamente no seio da família Maia, quando era casada Lavoisier Maia e foi por ele escolhida como auxiliar com força e poder, pavimentando sua atividade político-eleitoral. Foi, portanto, ao lado de Tarcisio, Lavoisier e José Agripino que Wilma estreou na política potiguar. Depois que se separou de Lavoisier Maia, Wilma ensaiou um rompimento com a família Maia, mas, construiu sua carreira na política estadual ora do lado dos Maia, ora ao lado dos Alves, ora ao lado dos Rosado.
A história mostra que todos esses personagens da política potiguar, em algum momento foram aliados ou adversários – e assim foram se alternando no poder. Mas, mostra, principalmente, que o poder no Rio Grande do Norte sempre esteve com eles. Na política potiguar não há lados. Há famílias que numa eleição são adversárias, na outra são aliadas, se dividem em duas/três facções – tudo feito de forma que seja bom para eles permanecerem dividindo o butim do poder.
O povo do Rio Grande do Norte contemplou, até aqui, as oligarquias, colocando pais, filhos, netos, sobrinhos, sobrinhos-netos e noras nas principais cadeiras dos poderes executivo e legislativo do Estado. Até quando? Os otimistas acreditam que, no jogo democrático, nas próximas eleições, haverá chance de mudar. Já os pessimistas acham que, quem sabe, apenas no novo século, em 2110, a história política do Rio Grande do Norte mude um pouquinho. Talvez nossos bisnetos vejam.
O povo potiguar, nessas eleições, deu seqüência a uma tradição familiar que vem se mantendo na política estadual, com raríssimas exceções, desde 1950, através das famílias Rosado, Maia e Alves. No meio desse caminho também estiveram presentes, com maior ou menor força na política estadual, famílias como Bezerra, Mariz, Ferreira de Souza, entre outras – mas sempre como coadjuvantes, sem nunca assumir, de fato, posição hegemônica como as outras, salvo os Mariz, que na verdade, era uma família de um líder só – o senador Dinarte Mariz.
Em 1950, o centro do poder no Rio Grande do Norte era a família Rosado, com a eleição do governador Dix-Sept Rosado, que não concluiu o seu mandato porque morreu em um acidente de avião, em 1951. Dix-Sept Rosado é o pai do ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, marido da agora governadora eleita Rosalba Ciarlini. Dix-Sept não viveu para ver a nora, alter ego do seu filho Carlos Augusto, assumir o governo do Rio Grande do Norte; outro filho, Betinho Rosado, ser deputado federal mais uma vez; a sobrinha, Sandra Rosado, filha de um dos irmãos, o ex-deputado federal, Vingt Rosado, também ser deputada federal mais uma vez, assim como a sobrinha neta, Larissa Rosado, filha de Sandra, neta de Vingt, ser deputada estadual de novo.
Na década de 1950 também estavam na órbita do poder político do Estado os irmãos Aluisio Alves, Garibaldi Alves e Agnelo Alves. Aluisio é pai de Henrique Eduardo Alves, eleito deputado federal pela décima primeira vez; Garibaldi Alves, mesmo sem ter conquistado um único voto em 2010, vai assumir a cadeira de senador, como primeiro suplente da senadora Rosalba, e é pai do senador reeleito Garibaldi Alves Filho e avô do deputado estadual também reeleito, Walter Alves. Agnelo Alves foi eleito em 2010, pela oposição, deputado estadual. Se em 1950 as famílias Rosado e Alves eram adversárias, em 2010, sessenta anos depois, pelo menos parte das famílias estão juntas para dividir o butim do poder no Rio Grande do Norte.
Na década de 1950, a família Maia dava o ar de sua graça na política estadual com o médico Tarcisio Maia sendo eleito deputado federal, em 1958. A partir de Tarcisio, um aliado histórico dos Rosado e de Dinarte Mariz, que foi governador nos anos 50 e depois senador por vários mandatos até a década de 1980 a família Maia fincou suas raízes na política estadual, aproveitando o prestígio conquistado junto à ditadura militar – nos anos 70 e 80, a família conseguiu dos militares as nomeações biônicas de Tarcisio Maia e Lavoisier Maia, primos, para governadores do Rio Grande do Norte, e de José Agripino Maia, prefeito de Natal. Com o poder nas mãos, os Maia aproveitam as condições favoráveis que a ditadura militar lhes deu para construir um sólido patrimônio político, cujo gestor maior hoje é o filho de Tarcisio, o senador José Agripino, que, com essa eleição, ao final do seu mandato, terá permanecido 32 anos no Senado, tendo apenas um breve intervalo de quatro anos, quando foi eleito governador no meio de um mandato de senador. Para completar, a família tem, ainda, o deputado federal eleito, Felipe Maia, neto de Tarcisio, filho de Agripino, e a deputada estadual eleita pela oposição, Márcia Maia, filha de Lavoisier Maia e Wilma de Faria. Wilma, aliás, que sempre se diz candidata contra “os poderosos” (!!!) é filha da família Mariz e cresceu politicamente no seio da família Maia, quando era casada Lavoisier Maia e foi por ele escolhida como auxiliar com força e poder, pavimentando sua atividade político-eleitoral. Foi, portanto, ao lado de Tarcisio, Lavoisier e José Agripino que Wilma estreou na política potiguar. Depois que se separou de Lavoisier Maia, Wilma ensaiou um rompimento com a família Maia, mas, construiu sua carreira na política estadual ora do lado dos Maia, ora ao lado dos Alves, ora ao lado dos Rosado.
A história mostra que todos esses personagens da política potiguar, em algum momento foram aliados ou adversários – e assim foram se alternando no poder. Mas, mostra, principalmente, que o poder no Rio Grande do Norte sempre esteve com eles. Na política potiguar não há lados. Há famílias que numa eleição são adversárias, na outra são aliadas, se dividem em duas/três facções – tudo feito de forma que seja bom para eles permanecerem dividindo o butim do poder.
O povo do Rio Grande do Norte contemplou, até aqui, as oligarquias, colocando pais, filhos, netos, sobrinhos, sobrinhos-netos e noras nas principais cadeiras dos poderes executivo e legislativo do Estado. Até quando? Os otimistas acreditam que, no jogo democrático, nas próximas eleições, haverá chance de mudar. Já os pessimistas acham que, quem sabe, apenas no novo século, em 2110, a história política do Rio Grande do Norte mude um pouquinho. Talvez nossos bisnetos vejam.
Fonte: calangotango
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