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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Beira-Mar passará até dois anos preso em Mossoró

 
Reprodução TCM


O traficante Fernandinho Beira-Mar chegou a Mossoró tranquilo e sorrindo
Depois de se especular por pelo menos duas vezes a possibilidade da transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, 37, o Fernandinho Beira-Mar, para o presídio federal de Mossoró, desde a inauguração da unidade de segurança máxima, em julho de 2009, o fato se concretizou. Beira-Mar e mais cinco criminosos de alta periculosidade foram removidos para o presídio federal de Mossoró na noite do último sábado (5). O megatraficante poderá passar até dois anos no presídio federal da cidade.

As transferências teriam sido determinadas pelo fato de que os bandidos ainda continuariam comandando ações criminosas de dentro das celas. Oficialmente as remoções fazem parte de "rodízio de praxe".

Atualmente, a penitenciária, que se encontraria sob estado de "interdição parcial", onde a inclusão de novos presos no presídio estaria temporariamente suspensa até que problemas relacionados a rachaduras e falta de abastecimento de água próprio fossem resolvidos, abriga 40 detentos, incluindo outros 11 presos de alta periculosidade do RJ.

Em entrevista exclusiva para o CORREIO DATARDE (CT), no dia 6 de janeiro, o diretor-substituto da penitenciária, Leandro da Silva, disse que a remoção de Beira-Mar, apontado como um dos maiores traficantes de armas e drogas da América Latina, seria "improvável". Na ocasião, ele esclareceu que a falta de abastecimento de água próprio na penitenciária ainda inviabilizaria a chegada de novos presos e só com resolução dos "problemas estruturais" da unidade, as 174 vagas ainda existentes no presídio seriam disponibilizadas para a inclusão de novos presos.

O CT entrou em contato, por telefone, com a Justiça Federal que informou que o juiz corregedor do presídio de Mossoró, Mário Jambo, está de férias e deve retornar nesta quarta-feira (9). Ele está sendo substituído pelo juiz Vinícius Costa Vidor que até o fechamento desta matéria (12h) não foi localizado para comentar questões relacionadas à autorização da transferência de Beira-Mar.

Transferência

Inicialmente especulada para o segundo semestre deste ano, Beira-Mar chegou ao estado por volta das 19h, num avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e foi escoltado por cerca de 50 agentes penitenciários federais. De acordo com informações do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), o apenado, que estava detido no presídio federal de Catanduvas (PR), deverá ficar no RN por 360 dias, prazo que pode ser prorrogado por mais 360 dias.

A principal razão para a transferência de Beira-Mar, segundo a versão oficial, é a alternância de permanência nas unidades, tendo em vista que o preso federal não pode ficar mais de dois anos no mesmo presídio. Beira-Mar já foi condenado a 120 anos de prisão por tráfico de drogas e armas, homicídios, sequestros e lavagem de dinheiro. O megatraficante já havia sido transferido de Campo Grande (MS) para Catanduvas (PR) há menos de dois meses, para ser mais exato, no dia 18 de dezembro do ano passado.

Além de Fernandinho Beira-Mar, mais cinco criminosos de alta periculosidade, oriundos de diferentes estados, - cujos nomes não foram informados - também foram transferidos para Mossoró. Devido à periculosidade dos internos, foi necessária uma escolta de 20 agentes penitenciários federais dentro do avião e, ao descerem no aeroporto Dix-Sept Rosado, às 18h50, mais 30 agentes aguardavam no local para levá-los à unidade. Aoperação teve apoio das Polícias Federal e Rodoviária Federal do Rio Grande do Norte.

Antes de serem transferidos para o Presídio Federal, Beira-Mar e os outros presos foram encaminhados ao Instituto Técnico e Cientifico de Polícia (ITEP), para a realização de um exame de corpo de delito. Logo que chegaram, os seis presos passaram por uma revista e, em seguida, foram conduzidos a uma unidade de isolamento - cada um numa cela - onde deverão ficar por 20 dias, até que possam circular pelas áreas de vivência do presídio. Os presos devem ficar sem televisão, visitas ou qualquer coisa que o deixe em contato com a realidade externa da unidade, como parte do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). As forças policiais de Mossoró foram informadas da missão em cima da hora para evitar falhas.

"Rodízio de praxe"

Segundo o diretor-substituto da unidade, o agente penitenciário federal Júlio Táboas, a transferência nada tem a ver com as informações divulgadas na imprensa nacional, dando conta que o traficante, mesmo preso, consegue controlar, da cadeia, a venda de 200 quilos de cocaína e 300 de maconha todos os meses.

Além de ordenar assassinatos, sequestros e rebeliões e coordenar o Comando Vermelho, umas das maiores facções criminosas do país. Apesar de reforçar que Fernandinho Beira-Mar não tem como fazer isso, o Estado reconhece que é impossível controlar as informações que ele troca com as pessoas que o visitam, tendo em vista que é um direito dele.

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