Praticamente ignorado em seu país, apoiador do Fluminense aceitaria defender o Brasil, mas se mostra humilde: ‘O país tem jogadores melhores'
Conca está encucado, acha que não tem jogado o suficiente, busca um algo mais. Algo mais? Perguntariam os tricolores. Tudo bem, pelo Fluminense o argentino só não faz chover. É o principal jogador da equipe que lidera o Brasileirão, com direito a participação em mais de 50% dos gols. Mas isso não é suficiente para o baixinho de 1,67 e 27 anos. Ele sonha mais alto. Sonha com a seleção. Qual delas? Pode ser qualquer uma: a brasileira ou a argentina.
Desde 2007 no Brasil, Darío Conca chama a atenção não somente pelos dribles, jogadas de efeitos e passes magistrais. Neste período, apresentou uma regularidade que o fez ser apontado como um dos principais jogadores do país nos últimos campeonatos nacionais – em 2009, por exemplo, foi eleito o craque da galera no Prêmio Craque do Brasileirão.
O reconhecimento do torcedor brasileiro, em especial do Fluminense, no entanto, é tratado com descaso em sua terra natal. Aclamado no Brasil, sequer estampa manchetes na Argentina ou é cotado para a seleção. Quando é lembrado há sempre o “porém” de sua passagem frustrante pela equipe principal do River Plate.
A situação não incomoda o “hermano” tricolor. Muito pelo contrário, o motiva ainda mais para “fazer chover” e, enfim, ser lembrado.
- Penso que alguma coisa está faltando. Em alguma coisa tenho que melhorar para poder brigar por uma vaga. Se não fui chamado, é porque falta algo. Fazer mais gols, chegar na área, melhorar. A Argentina é como o Brasil, há grandes jogadores e os convocados têm sido bem escolhidos.
Da Argentina o máximo que Conca recebe é o carinho de familiares. Esses, sim, orgulhosos de seu sucesso além das fronteiras e ávidos por notícias.
- Sempre recebo ligações de amigos, familiares que se preocupam. É um orgulho para mim jogar no Brasil, por tudo que o futebol do país representa. Além de estar em um grande clube como o Fluminense.
Ignorado pela equipe principal, Darío, como é chamado internamente no Flu, já teve oportunidade nas categorias de base da seleção argentina. Em 2002, disputou nove partidas e marcou um gol. O histórico, porém, não o impede de cogitar algo tratado como utopia pelo próprio: defender a Seleção Brasileira.
- Sempre falei, por tudo que o Brasil tem me dado, que jogaria, sim. Mas acho difícil. O Brasil conta com jogadores muito importantes, sempre teve grandes seleções. Sei que o país conta com jogadores melhores do que eu.
Especialista em leis do futebol, o advogado Marcos Motta dá asas para a imaginação de Conca e deixa claro que, caso seja convidado, o argentino poderia, sim, defender o Brasil.
- Pode jogar, sim. Se tivesse atuado pela seleção “A” da Argentina, não seria possível, mas como foi apenas na base, não há problemas.
A bola agora está nas mãos de Mano Menezes, que comanda processo de renovação da equipe nacional. Enquanto isso, Conca segue em busca do “algo mais” e defende o Fluminense, domingo, às 18h30m (de Brasília), no Maracanã, no clássico contra o Vasco, pela 15ª rodada do Brasileirão.
Postado Por: João Paulo
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